Rodar quase 2 mil km com caronas, conhecer uma das sete maravilhas da natureza e voltar com muita história na bagagem, tudo isso gastando entre R$ 200 e R$ 300. Parece roteiro de filme, mas é apenas um episódio da vida de quatro mochileiros de São Carlos (SP) que, nesta terça-feira (13), Dia do Turista, contam como foi se aventurar com pouco dinheiro.
Daniel Santiago, Danilo Ribeiro, Leon Toledo e Octávio Rocha fizeram a viagem para Foz do Iguaçu (PR) no fim de dezembro, em busca de uma virada de ano memorável, e atingiram o objetivo.
"Dinheiro faltando, tempo sobrando e a ideia de, ainda assim, passar um réveillon potencialmente inesquecível acabaram nos levando a sair de casa", disse Santiago.

Jovens contaram com a ajuda de desconhecidos para chegar ao destino (Foto: Leon César Martins Toledo/Arquivo Pessoal)
Planejamento
A ideia de fazer o mochilão foi de Santiago, o destino foi sugerido por Ribeiro e todos os detalhes foram combinados via Facebook ou WhatsApp. Apenas uma reunião presencial foi marcada entre os jovens, que pouco depois já embarcaram na aventura.
"Basta ter uma mochila e querer viajar barato. Muita gente associa isso à falta de conforto, mas isso é ilógico", afirmou Toledo.
Para chegar à cidade de Foz do Iguaçu, os amigos tiveram que se dividir em duas duplas, pois não caberiam juntos no mesmo carro ou caminhão. Ao todo, foram oito caronas, três delas pouco prováveis.
"O caminhoneiro passou primeiro por uma das duplas e, depois, mudou o trajeto para conseguir pegar eu e o Octávio. A segunda carona improvável foi de um motorista que nos levou de Maringá até Cascavel, passando por Campo Mourão. E a última, uma mulher em um carro e sozinha. Isso é praticamente impossível de acontecer", disse Toledo.
Medo
Entre uma carona e outra, foram três dias até o destino. Questionados sobre o lugar mais estranho em que tiveram de dormir nesse período, a resposta foi unânime: o baú de um caminhão frigorífico. Desligado, claro.
Em outra noite, Ribeiro e Santiago tiveram de dormir em uma barraca ao lado de um posto de combustível. Para eles, esse foi um dos momentos mais apreensivos da viagem. "Se hospedar com desconhecidos foi mais tranquilo do que aquilo", disse Ribeiro.
E foram várias hospedagens, já que, após a chegada, os amigos permaneceram alguns dias em Foz. Para garantir abrigo, eles contaram com a ajuda da internet.
"Para conseguirmos hospedagem valia tudo, postar no grupo 'Mochileiros' no Facebook, usar o Tinder", disse Santiago. "A maior parte das hospedagens foi via postagem no grupo do Face, que conta com mais de 200.000 pessoas".
Experiência
Toledo deixou Foz antes da virada de ano e voltou em um ônibus convencional. Já Santiago, Ribeiro e Rocha conseguiram carona em um ônibus de mercadorias e conseguiram encerrar a jornada gastando entre R$ 200 e R$ 300 cada.
"Foi uma experiência única e bem diferente. Vinte e três dias de aventura. Nunca esperava conhecer pessoas tão boas", declarou Ribeiro.
De acordo com os jovens, além de coragem, disposição e bom senso são essenciais para realizar uma viagem como essa.
"Esse tipo de viagem, quase sem rumo ou certezas, se adequa melhor a pessoas que têm um tempo rápido de resposta aos acontecimentos e são capazes de lidar bem com imprevistos", disse Toledo.
Para eles, a experiência permitiu sair da zona de conforto, viver em outros ambientes, além apreciar novos ares, descobrir lugares e pessoas. Como definiu Rocha, significou viver.
*Sob a supervisão de Stefhanie Piovezan, do G1 São Carlos e Araraquara.
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